Tecnologia, novas redes sociais, metaverso (ou seriam metaversos?), pautas crescentes em ESG… É, 2021 foi um ano bem agitado no que diz respeito à criação de conteúdo e à comunicação, que têm sido cada vez mais “phygital”, termo em inglês que une as palavras “físico” e “digital”. O que será, então, que 2022 nos reserva nessas searas, que atingem diretamente as estratégias das marcas?
Eis aqui um pequeno esforço de “bola de cristal”, baseado em muita pesquisa e apostas do mercado. Aí, lá pra dezembro, você pode voltar aqui neste blogpost, pra ver se as previsões realmente se concretizaram.
Newsletters: as estrelas vintage da vez
Dizer que as newsletters são “a aposta” para 2022 soa até engraçado. Afinal, receber uma comunicação por e-mail é coisa do século passado, né? Mas essa ferramenta sofreu uma “plataformização” em 2021, ganhou um baita destaque e, agora, tende a crescer em número e relevância. Basta ver como o mercado está aquecidíssimo.
E muito desse “hype” tem a ver com o Substack, startup dos EUA fundada em 2017, para dar “um futuro melhor ao noticiário”. A sacada deles é o modelo de negócio: em vez de cobrar de acordo com o número de assinantes e quantidade de disparos, eles oferecem um serviço gratuito e sem limitações ao dono da newsletter, até que ele passe a cobrar seus leitores. Só então é que a startup ganha comissão pelas assinaturas. Logo, a plataforma ganhou nomes de peso entre seus usuários. E o sucesso foi tanto que o Substack começou 2021 com quase 500 mil assinantes pagos e terminou com nada menos que 1 milhão.
Seguindo a onda, em janeiro passado, a Forbes anunciou sua própria plataforma de newsletters. Em fevereiro, o Twitter comprou a plataforma Revue e integrou as notícias por email aos tweets. Ainda em fevereiro, o Hubspot comprou a newsletter The Hustle. Em junho, a Meta (ex-Facebook) lançou a Bulletin, que ainda está meio tímida. No fim do ano, teve também o lançamento da newsletter do apresentador Tiago Leifert, da cantora Dua Lipa (a Service95 compartilha a curadoria de experiências, marcas, lugares e pessoas da cantora) e o alcance de quase 1 milhão de assinantes da newsletter brasileira The News, que seguiu os passos e a estratégia da norte-americana Morning Brew (sobre o mundo dos Negócios e Tecnologia), que, hoje, já expandiu o portfolio para podcasts, vídeos e eventos.
Os motivos para esse amor às newsletters são muitos. Entre eles, está a tendência ao slow content, movimento que preza por qualidade em vez de quantidade de conteúdo, com mais curadoria e aprofundamento – algo que nos salve da enxurrada de informações. Outro motivo seria para fugir da dependência do algoritmo, que não permite previsibilidade de entrega, obriga a ter frequência pré-determinada, limita a liberdade criativa e ainda faz com que não sejamos donos da base de seguidores.
E aí? Você ou sua marca já têm uma newsletter pra chamar de sua?
Ainda que as videoconferências tenham facilitado enormemente nossa vida, é fato que há uma demanda (e uma saudade) de encontrar com as pessoas pessoalmente. Mas como o mundo mudou, e a chegada da variante Ômicron deixou tudo ainda mais incerto, a previsão para 2022 é que as empresas invistam mais em eventos híbridos, ou seja, semipresenciais com transmissão pela internet. O desafio será proporcionar experiências diferentes e igualmente ricas para quem estiver no local e quem estiver online.
Além disso, depois da Farofa de Gkay 2021, um novo conceito de eventos foi criado, levando as estratégias de marketing de influência para outros patamares.
Agora, a moda dos eventos reality deve pegar, viu? Depois da Farofa, Dra. Deolane Bezerra (outro fenômeno das redes) já organizou sua festa midiática, e já tem influencer anunciando pré-carnaval que vai custar R$ 1 milhão (e deve render lucros bem maiores). Taí um bom formato de evento para ser organizado por marcas e plataformas (como TikTok, YouTube, Instagram…), juntando num mesmo local seus criadores de conteúdo e lovers da marca. Imagina o buzz!
TikTokização do mundo
Segundo o relatório do Hubspot “Tendência das Mídias Sociais em 2022”, o TikTok dominará as mídias sociais, fazendo com que as outras plataformas precisem se adaptar.
O app chinês disparou em popularidade. As menções ao TikTok têm crescido desde o final de 2017 e ganharam força durante o primeiro semestre de 2020, chegando a um pico em julho de 2021. Assim, ele teve recorde de downloads se tornou o primeiro aplicativo, não sendo do Facebook, a chegar a 3 bilhões de downloads em todo o planeta.
Agora, vemos o TikTok ditar as regras das trends, do tipo de conteúdo que se produz, do consumo de vídeos curtos. E toda essa nova forma de criar conteúdo (e o modo único como o algoritmo do TikTok trabalha) tende a repercutir em outras plataformas como o Reels, do Instagram, ou o novo formato de vídeo do Reddit, por exemplo.
“Com o TikTok, há uma mudança de visualizações para criações. Não há ‘fórmula’ para postar ‘a coisa certa’. Como uma plataforma que abraça a diversidade, o TikTok incentiva os usuários a projetar imagens de si mesmos sem pensar muito em se encaixar em padrões. Qualquer um pode ser criador de conteúdo ou tendência. Com essa democratização, o conteúdo se torna hiperlocal e próspera sendo divertido, irreverente e de fácil digestão”
Cassandra Tan, Chefe de Insights & Analytics no Universal Music Group, Sudeste Asiático e Coreia (relatório “Tendência das Mídias Sociais em 2022”, do Hubspot)
O relatório do Hubspot diz ainda que o TikTok pode ajudar as marcas a obter exposição e se conectar com um público qualificado e engajado, uma vez que é alimentado por um sistema de recomendação de conteúdo altamente personalizado. E como o aplicativo busca introduzir um aspecto de e-commerce e um modelo de monetização, as marcas que desejam se conectar com os consumidores precisam ter experiência com o TikTok.
Colaboradores atuando nas vendas sociais (Social Selling)
Os anúncios e influenciadores cada vez mais caros e o alcance orgânico cada vez mais reduzido estão levando os donos e colaboradores das marcas a se posicionar como microinfuenciadores no Linkedin, Instagram e outras redes sociais, produzindo conteúdo educativo, relevante e, eventualmente, também comercial para o mercado que atuam.
A ideia é que esses colaboradores ganhem autoridade e confiança nas suas bolhas e atinjam públicos cada vez mais nichados, fazendo com que os seguidores/clientes avancem, por meio de marketing de conteúdo (inbound marketing) na jornada de compra.
Outra trend detectada no relatório “Tendência das Mídias Sociais em 2022”, do Hubspot, é o fato de as vendas sociais (social sellings) estarem impulsionando a simplificação da jornada do cliente, com criação de botões e diminuição dos cliques até o carrinho de compras. A mais recente criação foram os Pins compráveis o Pinterest, que permitem que os influencers ganhem dinheiro promovendo itens de todo o site. Além disso, o Instagram introduziu novos recursos de compra que deixa os usuários de mídias sociais comprar itens sem precisar sair do app.
As Lives de venda, que permitem a compra dos produtos em tempo real também devem se aprimorar, com ainda mais shoppertainment (shopping + entretenimento). Tomando o exemplo da China, é possível ver que ainda há muito o que explorar nesse campo: lá, influencers se tornaram verdadeiros marketplaces e chegam a vender mais que grandes magazines).
(Bons) Dados serão ainda mais valorosos e difíceis de ser obtidos
A Kantar, empresa responsável por dados, insights e consultoria, divulgou seu estudo anual com as tendências e previsões da mídia para 2022 que, possivelmente, vão influenciar a indústria de mídia e publicidade, trazendo novos desafios para o mercado de comunicação.
Entre as trends da Kantar, está a urgência do uso de dados pelas empresas, com a busca de informações acessíveis e estratégicas. Isso porque com a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) em vigor, e os usuários muito mais receosos e bem informados em relação a informar seus dados, ficou mais desafiador por parte das empresas descobrir informações sobre seus consumidores e abordá-los com as estratégias mais certeiras. A urgência, portanto, é para a melhor qualificação, integração, uso e abordagem dos dados.
“A vida mais complexa pede soluções em um clique, enquanto ainda não confiamos em expor os nossos dados. Por isso, acredito que será um ano para intensificar as discussões sobre transações financeiras, éticas nas relações virtuais e responsabilidade digital. Será um ano em que vamos perguntar com mais frequência: ‘E isso pode?’, seja com novos produtos digitais ou decisões e posicionamentos.”
Vanessa Oliveira — Diretora na Viu Hub, para a YouPix
Segundo a Kantar, as marcas estão atuando de forma híbrida na estratégia de dados, priorizando a privacidade e coletando diretamente os dados dos consumidores. Assim, a tendência é que as empresas usem seus relacionamentos com os consumidores para aproveitar ao máximo os dados proprietários que possuem, enriquecendo seus planejamentos com informações de comportamento e atitudes obtidas com outras fontes. Além disso, com o fim dos cookies, surge a oportunidade de experimentar novas abordagens.
Por isso, é tão importante ter conteúdos baseados em dados e com análises mais profundas – o que é uma busca constante na Ecomunica, seja por meio de nossa ferramenta proprietária de métricas, que considera os resultados de relações públicas de forma qualitativa e quantitativa, calibrada de forma personalizada para cada cliente, seja porque somos a única agência de comunicação integrada brasileira certificada Hubspot. Isso significa que somos capacitados a fazer a implementação dessa que é uma das maiores e mais respeitadas plataformas de marketing, vendas e atendimento ao cliente. Assim, entregamos e executamos uma estratégia completa de comunicação integrada, com análise profunda de dados, para que nossos clientes possam aproveitar o que há de melhor na ferramenta.
O que será do ESG?
A sigla em inglês para designar os pilares da sustentabilidade ambiental, social e de governança nas empresas pautou a agenda global. E se, em 2020 e 2021, o ESG ganhou relevância, em 2022, a tendência prevista por especialistas é que o tema também comece a ser aplicado nas pequenas e médias empresas, seja pela pressão das corporações sobre seus fornecedores ou pelo buzz em torno do tema.
Outra previsão é de que haja mais mecanismos de aferição antipurpose washing (ou aquele ESG fake, que só existe para ficar bem na fita, sabe?).
Um bom sinal de que as empresas brasileiras estão em busca de elevar seus padrões de sustentabilidade é o número de empresas à espera da Certificação B (emitida àquelas que, voluntariamente, cumprem normas mais elevadas de transparência, responsabilidade e desempenho). Hoje, menos de 300 empresas fazem parte do Sistema B (entre elas, a Ecomunica), mas são mais de 5 mil na fila.
E para saber como investir em ESG e comunicar iniciativas para todos os públicos de interesse (o que pode, de fato, transformar o seu negócio a longo prazo), baixe nosso e-book Qual o Papel da Comunicação na Era ESG?, no qual falamos da importância da Comunicação Integrada para posicionar marcas e empresas em um mercado cada vez mais exigente. Lá, você também encontra um roteiro de como aplicamos todo esse conhecimento na prática.
E o metaverso, hein?
Está aí uma das maiores incógnitas de toda a nossa bola de cristal. Será que o Metaverso vai mesmo ser a próxima disrupção da humanidade, depois da Internet?
Além de Mark Zuckerberg, Bill Gates também acredita que a realidade virtual 3D estará em nosso futuro próximo. “Dentro dos próximos dois ou três anos, prevejo que a maioria das reuniões virtuais deixarão de acontecer em imagens de câmeras em um grid 2D para o metaverso, um espaço 3D com avatares digitais”, escreveu o magnata em um post que faz todos os anos em seu site pessoal, com um balanço dos últimos 12 meses e algumas projeções.Gates disse ainda que as pessoas precisarão comprar acessórios como óculos de realidade virtual e citou também “luvas” e outros acessórios para permitir a captura de movimentos e expressões.
O Facebook (que agora chama-se Meta) já está introduzindo o metaverso no local de trabalho, com o lançamento da Horizon Workrooms.
E o relatório “Tendência das Mídias Sociais em 2022”, do Hubspot, também crava que os metaversos serão a próxima grande conexão com o consumidor.
“Enquanto o Facebook está olhando para o metaverso, testemunhamos principalmente a ascensão do ‘multiverso’, uma abordagem multifacetada em relação ao consumo de conteúdo nas mídias sociais. Porém, vemos diferentes entendimentos da mesma mensagem, de acordo com a plataforma em que ela é exibida. Há tanto risco de má compreensão ou má informação quanto oportunidade para as marcas falarem na língua de seus públicos”
Samuel Pavin, Fundador e consultor principal da Resumption (via relatório “Tendência das Mídias Sociais em 2022”, do Hubspot)
Há, porém, quem acredite que o metaverso da Meta será um dos grandes fracassos de 2022. É o caso de um dos gurus do Vale do Silício, Scott Galloway, que costuma acertar em suas previsões de fim de ano. Segundo o escritor, empreendedor e professor da Stern School of Business, da Universidade de Nova York, “a noção de que passaríamos mais tempo online, sacrificando nossas atividades é assustadora e não vai funcionar, porque não faz sentido”.
Ele lembra que a habilidade da Meta em aquisições não se repete em produtos internos e diz que a Apple é, na verdade, a empresa mais bem posicionada para construir o verdadeiro metaverso.
Só vivendo agora pra saber quem, de fato, está certo.