Nos últimos meses possivelmente você se deparou com centenas de notícias sobre a venda do Twitter, a plataforma do passarinho que convida milhões de usuários a digitar seus pensamentos em poucos caracteres, mas vale lembrar que o Twitter parece, mas não é uma terra sem lei, e já falamos aqui sobre boas práticas dentro da plataforma. Além de envolver o homem mais rico do mundo, Elon Musk, o assunto também ganhou espaço na imprensa internacional por conta da sua negociação conturbada, com idas e vindas, envolvendo até uma batalha judicial.
Para entender todo esse imbróglio, é importante voltarmos no tempo e relembrar que o Twitter foi a principal ferramenta utilizada por Donald Trump em sua campanha eleitoral em 2016 e 2020 e com isso, a plataforma vem enfrentando diversos problemas entre seus usuários, como a propagação de fake news. Infelizmente esse modus operandi (modo de operação em latim) se tornou tendência em muitos países, principalmente no cenário político.
A recente compra da plataforma pelo bilionário no mês de outubro de 2022 trouxe à tona o debate de forma errônea sobre o que é a liberdade de expressão, algo que o novo proprietário da plataforma não hesitava em dizer sentir falta nas redes sociais. Em poucos minutos de navegação na plataforma, é possível identificar que há uma confusão sobre o entendimento do que é de fato liberdade de expressão e o que são afirmações ou ataques criminosos.
Um dos exemplos mais recentes foi o caso do ex-presidente dos Estados Unidos, que teve sua conta banida por conta da disseminação de informações falsas e por incentivar ataques antidemocráticos em seu país e com Musk se tornando “o novo dono”, Trump teve a sua conta devolvida recentemente. Essa realidade não é tão diferente do Brasil, afinal, a antiga gestão do Twitter no Brasil também deletou uma série de tweets do até então presidente Jair Bolsonaro por conter fake news.
Empresas e gestores do mundo inteiro estão expostos a um exemplo de gestão a não ser seguido, afinal, os tabloides agora focam em entender qual clima dentro da empresa que tem tantos usuários, já que recentemente todos os funcionários receberam alguns e-mails do novo dono exigindo um “alto comprometimento” e convidando todos aqueles que não estiverem de acordo a saírem da empresa, gerando assim uma demissão em massa cujo o impacto nem sequer pode ser estimado, tendo em visto que Musk não divulgou os números de empregados demitidos.
E as marcas nessa?
Além de toda confusão gerada no processo de venda e compra do Twitter, um cenário de instabilidade chegou para as marcas que utilizam e enxergam a plataforma como um dos principais canais para se comunicar com uma pluralidade de público e também explorar o mercado de anúncios publicitários. Como resultado, algumas grandes marcas já pararam de anunciar na plataforma, como é o caso Grupo VW, Gilead, Allianz, General Motors, General Mills e mais recentemente a Apple.
Vale lembrar que os usuários do Twitter não são necessariamente “clientes do Twitter” e possuem contas de forma gratuitas, já os verdadeiros clientes e uma das principais fontes de arrecadação da empresa são justamente os acordos de campanhas publicitárias com as marcas.
E o Twitter vai acabar mesmo?
O que há de certeza é que ainda haverá muita história envolvendo os novos caminhos da gestão de Musk e se ele buscava o status de ter o poder em suas mãos dentro do Twitter, agora ele tem. Com isso a concorrência tem trabalhado dia e noite para oferecer alternativas em um cenário de tanta incerteza.
Algumas alternativas similares ao Twitter já começaram a aparecer, como a Bluesky, do criador do Twitter. Mas uma rede social que chamou a atenção dos usuários (principalmente dos brasileiros) tem sido a indiana e polêmica Koo, se tornando essa uma alternativa para aqueles que visam migrar para uma outra rede similar a plataforma do passarinho azul. Polêmica porque a rede surgiu em meio a uma disputa judicial do Twitter com o governo indiano, se tornando uma alternativa de comunicação para a extrema-direita indiana.
Tudo isso porque o primeiro-ministro indiano Narendra Modi solicitou que o Twitter bloqueasse contas de agricultores que fossem contrários às medidas do governo. Medida acatada pela rede social em um primeiro momento, porém que logo foi revogada, uma vez que a companhia americana concluiu que não havia justificativa para tal. Esse movimento acabou resultando na criação de novas leis que ferem a liberdade de expressão e a privacidade dos usuários.
A corrida para ganhar um maior número de usuários está acontecendo a todo o vapor, e enquanto a Bluesky está em fase de testes, um ponto extra tem que ser dado a Koo, que informa já ter mais de 50 milhões de downloads e 7 mil personalidades.
Se o objetivo de Elon Musk era ganhar ainda mais espaço na imprensa e no mercado financeiro com a compra do Twitter, ele conseguiu. Porém, ele também ganhou como desafio recuperar a reputação da plataforma não somente de seus usuários, mas de todos os clientes que utilizam o Twitter como canal de comunicação e também fazem a receita girar, ou melhor, a conta fechar.
Com o retorno do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, o cenário pode não ser tão favorável para a gestão de Musk, uma vez que empresas já sinalizaram o desejo de sair da plataforma caso isso acontecesse – o que já aconteceu. Somente em 2021, 90% do faturamento de 5 bilhões veio de anúncios publicitários, o que torna ainda mais curioso o movimento do novo dono em trazer de volta à plataforma algo que pode significar um prejuízo anunciado.
Musk pode até ser o homem mais rico do mundo, mas os movimentos que estão sendo feitos por ele em sua gestão do Twitter afetam diretamente não somente a sua, mas também a reputação da própria empresa. São em cenários como esses que o trabalho de relações públicas se mostram necessário dentro das empresas e na consultoria de gestão.
Reinventar as verificações é um caminho?
Na tentativa de mostrar que está sempre à frente do mundo, Musk parece ter algumas cartas na manga para conseguir conquistar novos usuários, e um dos primeiros passos como dono da rede, anunciou a criação do “Twitter Blue”, uma espécie de clube com selos de verificados, e colocando um prazo ao modelo que sempre funcionou na plataforma onde eram cedidos os selos verificados com a seguinte mensagem: “Esta conta é verificada, pois é uma pessoa notável no governo, nas notícias, no entretenimento ou em outra categoria designada.”
Como nada é certeza em se tratando do Twitter, Musk já anunciou que a plataforma está lançando novos modelos de contas verificadas, que serão: um selo de ouro (Gold Check) para empresas, um cinza (Grey Check) para entidades governamentais e o selo azul (Blue Check) para indivíduos, sejam eles celebridades ou não.
Mas como a maré aparentemente não tem sido favorável ao bilionário, a criação de um selo que tornava todas as contas pagantes em “oficiais” gerou uma nova confusão possibilitando a criação de contas fakes com selo verificado, distribuindo informações falsas e afetando algumas empresas, gerando queda em algumas ações na bolsa de valores. Pode até parecer óbvio, mas o que Musk tem deixado de aprendizado para o mercado do mundo inteiro é que a estratégia deve sempre vir antes de qualquer plano de ação.
Nesses momentos, o papel de uma equipe de Comunicação preparada para construir e executar um planejamento estratégico, entendendo os momentos certos de comunicar cada mudança e a melhor forma de fazê-las é imprescindível para preservar um dos principais ativos das empresas: sua reputação.
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